Futurismo em pauta no Congresso de Rádio e TV!

Publicado por: Naiara Fachini | 17 de julho de 2025

Com uma carreira dedicada a antecipar tendências e interpretar os sinais do futuro, Daniela Klaiman será uma das palestrantes do 27º Congresso Paranaense de Rádio e Televisão. Reconhecida como uma das principais referências em futurismo na América Latina, ela é especialista em comportamento do consumidor e fundadora da FutureFuture, consultoria estratégica focada em inovação.

Daniela tem mais de 18 anos de experiência e um currículo que inclui estudos em Israel, Dinamarca e Espanha. Ela já auxiliou gigantes como Ambev, Coca-Cola, Globo e Natura a se prepararem para os próximos cenários de transformação. “Cheguei a um ponto em que queria explorar o futuro a longo prazo e tecnologias emergentes”, diz ela, que mergulhou em previsões de até 100 anos à frente durante sua formação no exterior.

Em sua atuação, Daniela alia tecnologia e cultura para traçar caminhos possíveis para o futuro — e alerta para a velocidade vertiginosa do avanço da inteligência artificial. “Estamos apenas no início de uma jornada que promete transformações profundas. A IA está evoluindo rapidamente e, em algum momento, podemos até perder o controle sobre ela”, afirma.

Nesta entrevista, a futurista Daniela Klaiman compartilha insights valiosos sobre como a inteligência artificial está redesenhando o mercado criativo, quais os desafios que vêm pela frente e como as empresas de comunicação, como as emissoras de Rádio e TV podem se posicionar estrategicamente nesse cenário em constante mudança. Acompanhe!

Como você enxerga a evolução da relação entre emissoras de rádio e televisão e suas audiências nos próximos anos?

Acredito que vamos falar principalmente da convergência com o digital. Tanto no rádio quanto na televisão, a tendência é que esses veículos deixem de ser vistos como mídia tradicional e passem a se fundir cada vez mais com o ecossistema digital. É um pensamento realmente diferente do que a gente sempre teve, mas é algo muito mais amplo do que estar presente em múltiplas plataformas, é pensar em estar presente em diferentes formatos com extensões e conteúdos diferentes do que aqueles que a gente está adaptado a ver.

Os veículos vão continuar realizando a transmissão pelo ar e utilizando outros canais como o YouTube ou redes sociais, mas cada um com linguagem própria. Então, a dica é pensar em formatos como áudio, vídeo, texto, reels, imagens, carrossel. São mídias usando outras mídias também para poder existir. Acho que essa é uma mudança bem interessante. E aí com certeza a gente vai falar de outras tecnologias que vão acabar entrando e fazendo margem com tudo isso.

Quais são as tecnologias emergentes que vão revolucionar a interatividade com o público e que tipo de mudança elas trarão para o engajamento?

Acho que talvez a IA seja uma das mais importantes porque ela tem uma possibilidade de customizar ações de conteúdo, de atingir o público com o que ele gosta, de fazer sugestões mais personalizadas em relação a, por exemplo, playlists ou coisas que as pessoas já tem mais conexão com gosto pessoal de cada um. O ser humano vai buscar cada vez mais pela interatividade, então a comunicação das mídias terá que ser de duas vias, com diálogo e não uma coisa unilateral onde as pessoas só assistem ou escutam. Então, a gente verá cada vez mais essas integrações acontecendo e, obviamente, as tecnologias podem ajudar neste processo, de uma forma mais fluída e mais rápida.

Em um cenário de desinformação, como o uso de IA e outros recursos digitais pode impactar a credibilidade das emissoras? Que boas práticas você destaca para reforçar a confiança?

Daqui para frente, as pessoas buscarão cada vez mais informações verdadeiras, questionarão o que vem das mídias, por este motivo, a internet terá mais transparência, verificação de fatos e uma curadoria humana, talvez com apoio da Inteligência Artificial. Acredito que seja importante essa dupla trabalhar junto. Da mesma forma, é importante que as validações também ocorram nos conteúdos e programações das emissoras. 

Para que o setor se torne “future‑ready”, que mindset e competências são essenciais? Que habilidades já deveriam ser priorizadas pelas equipes?

As emissoras precisam parar de se enxergar como mídia tradicional. Essa será a primeira mudança de mindset. Elas precisam ser multicanal, estar cada vez mais presentes no digital. Na minha visão é importante também trazer uma equipe que tem esse mindset do digital, uma equipe que entenda como funciona esse novo tipo de comunicação para poder proporcionar essas experiências híbridas. Essas equipes multidisciplinares trarão novas oportunidades de modelo de negócio e ao mesmo tempo aprender e tentar cobrar de maneiras diferentes do que sempre foi feito. Essa é uma evolução bem importante.